No meio dessa chuva de granizo tributário, a divulgação do IPCA de maio veio ontem como um alento, abaixo do esperado pelo mercado, e impulsionou a alta de 0,54% do Ibovespa, que fechou aos 136.436 pontos.
Após a notícia, o dólar chegou a cair para R$ 5,54 na mínima, mas inverteu o sinal ao longo do pregão e subiu 0,14%, cotado a R$ 5,57.
Os investidores reagiram aos dados do IPCA, que mede a inflação oficial do país. Segundo o IBGE, o indicador de inflação subiu 0,26% em maio. O resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, que esperava um avanço de 0,32%, e reduziu o acumulado de 12 meses de 5,53% para 5,32%.
Vale lembrar que a meta do Banco Central é de 3% ao ano, com margem de tolerância chegando a 4,5%.
Daqui a exatamente uma semana, o COPOM (Comite de Política Monetária do Banco Central) define a taxa Selic para os próximos 45 dias. A queda na inflação acumulada reforça a esperança de fim do ciclo de alta dos juros básicos no Brasil.
Na opinião de Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a notícia foi positiva, mas segue indefinida a tendência para a decisão, já que "existem argumentos tanto a favor de uma alta dos juros, devido, por exemplo, à inflação de serviços ainda elevada e à atividade resiliente, quanto, posição a que me filio, para a manutenção da Selic, dados os sinais de alguma inflexão do processo inflacionário, ainda que na margem”.
E sobre os impostos, segue o granizo na cabeça do contribuinte.
O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, confirmou ontem que incluirá na medida provisória de “calibragem" do IOF a alíquota única de 17,5% para todas as aplicações financeiras e aumento do imposto sobre Juros sobre Capital Próprio de 15% para 20%.
A primeira medida, de igualar todas as alíquotas de investimento, muda sensivelmente a dinâmica de incentivos ao investidor, que antes tinha vantagem ao investir com foco no longo prazo, inclusive os títulos do Tesouro, por onde o Governo pega emprestado do mercado para pagar lá na frente.
Já a outra impacta o investimento em empresas na bolsa, já que os Js são uma modalidade usadas por muitas empresas para distribuir os resultados financeiros com os acionistas que investem no negócio.
E, por fim, um alerta ao ouvinte. Entre as medidas anunciadas aparece um tal de gasto tributário, que parece corte de despesas do Governo, mas é um jeito diferente de aumentar imposto. Gasto tributário é um gasto indireto efetivado por meio de alguma desoneração de tributo, como acontece com o regime do Simples Nacional, por exemplo.
E, além da um imposto novo por dia até sair a temida MP do IOF, Haddad ainda fechou o dia falando que esse pacote de carga tributária é para "chamar o dono da cobertura para pagar o condomínio".